Antes da música, a explicação. Vou usar as palavras do Chico, afinal, ele se expresssa muito melhor que eu.
"Eu tava mexendo no violão, comecei a fazer a melodia e aí a primeira coisa que apareceu foi exatamente cidade submersa. Isolado de tudo porque cantarolando parecia que a música queria dizer isso e eu tinha que ir atrás depois, tinha que explicar essa cidade submersa, tinha que criar uma história. Apareceu exatamente a cidade submersa antes de qualquer outra coisa. Aí eu coloquei os escafandristas e esse amor adiado, esse amor que fica pra sempre, essa idéia do amor que existe como algo que pode ser aproveitado mais tarde, digamos que não se desperdiça. E passa o tempo, passam-se milênios e aquele amor vai ficar até debaixo d'água. E vai ser usado por outras pessoas, amor que não foi utilizado porque não foi correspondido, então ele fica ímpar, pairando ali, esperando que alguém apanhe e complete a sua função de amor."
Ele é simplesmente genial. Aí vai a letra:
Futuros Amantes (Chico Buarque)
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
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