Gente

Hoje, durante meu trabalho, dei uma espiada pra rua pela janela do meu consultório. E foi justamente a cena que vi que me inspirou pra esse post. Um velhinho, beeeem velhinho, aparentando seus 75 anos, dependente de um andador pra caminhar, atravessando sozinho a rua Andrade Neves. Ele ia bem devagarinho mesmo e, quando ele estava no meio da rua, o semáforo para os pedestres fechou. Pensei que os motoristas iriam tacar a mão na buzina, mas não, nenhum deles fez isso, todos esperaram o velhinho passar no mais absoluto silêncio.

Quando vi essa cena percebi como tem gente que reclama sem motivos. E não estou tirando o meu fora, sei que reclamo demais de vem em quando, mas estou trabalhando esse lado aos poucos. Comecei a pensar em todas as reclamações que já ouvi: tem gente que reclama de tudo. Por estar gorda demais, magra demais, ser branca demais, alta ou baixa demais, por ter seios grandes demais ou então extremamente pequenos. Tem gente que reclama porque tem cabelos crespos demais, lisos demais, curtos demais ou compridões, ou então porque tem muito cabelo ou cabelo algum.

Tem aquelas pessoas que reclamam do clima: tá quente demais, frio demais, chuvoso demais, seco demais e por aí vai. Quem não tem carro, reclama porque anda a pé, quem tem carro, reclama de engarrafamento. Pessoas novas demais querem envelhecer logo, os mais velhos querem voltar no tempo. Pessoas queixantes existem em todos os lugares. Todos.

Tem gente que é do mal, trapaceira, invejosa, mentirosa, "erva daninha", inescrupulosa, que quer se dar bem às custas dos outros. Também tem aqueles que são tristes demais, melancólicos demais, que se deixam abater demais. Mas tem aquelas pessoas que são o oposto: alegres, altruístas, solidárias, verdadeiras, gente de bem. Gente de verdade. E esses são poucos, mas são eles que fazem esse mundo valer a pena. E eu sou sortuda por estar rodeada de gente assim, qente que vale a pena, gente como pouca gente é.

E tenho uma teoria pra isso. Gente do bem atrai gente do bem; gente do mal atrai gente da mesma laia. Não, não tirei isso do "The Secret", esse teorema é óbvio e ululante. Na verdade escrevi esse post pra mostrar que a vida não é difícil, somos nós que complicamos. Não dá pra ser 8 ou 80, tem que ser meio-termo. Eu sou meio-termo e foi por isso que meu último relacionamento não deu certo. Ele era 8 ou 80. Só acho que as pessoas deveriam pensar um pouco mais no mundo que as cerca e reclamar menos. Quem assistiu o Para-pan pôde observar bons exemplos de superação, garra e força de vontade. E era isso.

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