
A janta estava muito boa. E sempre me apaixono por pessoas educadas. Homens educados. E tudo estava muito agradável. A conversa, os sorrisos e a bebida. Fazia uns meses que eu não ia lá, fazia semanas que eu não comia aquele tipo de comida. E gostei.
Fazia tempo que eu tinha aquela pendência pra resolver e tinha que ser naquele lugar. Pendência resolvida, aí que veio o apetite e a noção de que inverti a seqüência dos fatos. Mas tudo estava combinando, engrenando. Disse-me mais uma vez que estava de partida pra bem longe. Ele me convidou pra ir junto, não sei se foi sério ou de brincadeira. Não consegui responder e por isso apenas sorri. E imaginei coisas, situações, novos lugares, nova vida. Longe daqui, das pessoas daqui, meus amigos, ex-amores, família, tricolor, música, gastronomia e todas essas coisas que fazem com que muitos brasileiros insistam nessa terra.
Mas é fato. Ele vai embora e me covidou. E aconselhou-me a seguir meu coração. Mas meu coração está muito confuso e incapaz de tomar grandes decisões nesse momento. E depois de ter percebido meu erro ao julgar, passei a encarar com mais seriedade o tal convite. Mas há pouco tempo e... atitudes como essa precisam ser bem pensadas. Passei tanto tempo pensando nisso que nem dei bola quando o meu colega dentista me cantou pela segunda 5ª feira seguida. A ansiedade é a maior vilã. Meus pensamentos estão acelerados, o destino foi um tanto irônico (pra não dizer cruel) e cá estou, mais uma vez, com os sentimentos espalhados aos quatro ventos.
E enquanto tudo isso acontece entre minhas 4 paredes e também fora delas, meu pai já dorme por causa dos calmantes e minha mãe perde seu tempo assistindo seriados...