domingo, 22 de julho de 2007

Morrer de Amor

Ele era casado, tinha filhos... uma família. Mas não sabia se amava a esposa. E ia levando a vida assim... trabalhando, levando saúde às pessoas. Ele só não esperava que o destino chegasse naquele dia. No ônibus. Logo aquele dia, naquele ônibus... justo ele que quase nunca andava de ônibus!! Pois foi naquele dia e naquele ônibus que ele encontrou quem a vida tinha reservado para ele. É o que alguns chamam de alma gêmea. E ela estava ali, sentada no banco da frente. E no momento em que ela o vê, abre um sorriso e o mundo pára. Ele descobriu que era ela que ele esteve esperando pela vida toda. Coincidência? Acaso? Não. Destino, isso sim. E viveu esse amor intensamente como nunca tinha vivido antes com a esposa. Amou aquela canceriana e desse amor surgiu uma outra canceriana. A canceriana-filha ganhou mais 2 irmãos. Mas ele não tinha coragem de deixar a esposa e os outros filhos. E foi então que achou melhor se afastar. A canceriana-filha não via o pai nos natais e também não viu o pai nos seus 15 anos. A mãe começou a definhar. Ia para a sacada, acendia um cigarro e escutava músicas tristes sobre amor. O fim estava se aproximando. De vez em quando ele aparecia e ficava por uns tempos. Mas quando começava a se envolver... ele partia. As promessas foram muitas. E a canceriana-mãe sempre acreditava em todas porque ela o amava. E o amor tem esse poder de fazer acreditar. Mas ele nunca conseguiu cumprir as promessas. A mãe ia pra sacada, fumava, ouvia as mesmas músicas e chorava. A filha, de longe, observava a mãe definhando sem poder fazer nada. Afinal, que poder teria uma criança sobre o amor?? Ela era só uma criança, mas já tinha uma noção de como o amor funcionava. Depois de um tempo o pâncreas ficou doente. Mas tão doente a ponto de não ter mais volta. O sofrimento e as lágrimas da mãe chamaram um câncer. E ela passou os últimos dias da sua vida amando aquele do ônibus. Até que ela partiu. Os médicos afirmam erroneamente que ela morreu de câncer. Mas eles estavam enganados. A filha não. Essa foi a única que percebeu que a mãe morrera de amor.

Um comentário:

Marcelino, Pane i Vino disse...

Muito bonito, mesmo!!!
Beijos.